A perda da transparência da lente natural do olho (cristalino) dificulta a entrada de luz nos olhos e diminui a visão, caracterizando a catarata.
Essas alterações no funcionamento da visão podem ocasionar pequenas distorções visuais e até levar a cegueira.
Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, o tratamento clínico — como prescrição de óculos — tem efeito transitório, o farmacológico — com medicamentos — não há efeito comprovado.
A cirurgia é a única opção para recuperação da capacidade visual do portador de catarata senil.
Em entrevista para a revista Veja Bem, o oftalmologista Armando Crema esclareceu que toda cirurgia de catarata deve ser considerada como uma cirurgia refrativa (para correção de grau).
Isso acontece porque a LIO implantada para substituir o cristalino opaco possui grau; sendo assim, além de melhorar a visão dos portadores, corrige erros de refração.
Segundo o médico, a cirurgia pode ser realizada em qualquer tipo de paciente que tenha diagnóstico de catarata com indicação cirúrgica.
Entrevista com Dr. Armando Crema, oftalmologista e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares.
Veja Bem: Existe algum limite de grau para se obter êxito com esse tipo de cirurgia?
Dr. Armando Crema: Não existe limite de grau para se obter êxito neste tipo de cirurgia, sendo que em graus extremos de miopia, hipermetropia e astigmatismo, o grau de sucesso na correção do grau é menor e menos previsível.
Veja Bem: A partir de que idade é possível realizar essa cirurgia?
Dr. Armando Crema: Existe controvérsia no implante de lentes intraoculares em pacientes menores de dois anos. A partir desta idade, pode-se realizar a cirurgia em qualquer paciente, desde que exista o diagnóstico de catarata que cause limitação da quantidade e qualidade de visão.
O tipo de Lente Intraocular (LIO) a ser implantada e o grau final a ser programado podem variar de paciente para paciente, dependendo de vários fatores, incluindo a idade, o tipo de grau pré-operatório, o tipo de atividade do paciente, a presença ou não de outras patologias oculares concomitantes, dentre outros.
Veja Bem: Existe uma especialização na área de oftalmologia para realizar a cirurgia de catarata, corrigindo o grau?
Dr. Armando Crema: Todo médico oftalmologista que tenha título de especialista do CBO está apto a realizar a cirurgia. Podem-se fazer especializações e fellows especificamente em cirurgia de catarata.
Veja Bem: Qual a técnica mais eficaz para realizar esse procedimento?
Dr. Armando Crema: A técnica se chama facectomia com implante de LIO; dentre elas, a mais eficaz é a facoemulsificação ultrassônica com implante de LIO. Atualmente, existe a facoemulsificação assistida com laser de femtossegundo, que ainda precisa de evidências científicas para comprovar sua maior eficácia.
Veja Bem: Como é o pós-operatório?
Dr. Armando Crema: Atualmente, a técnica de facoemulsificação ultrassônica com implante de LIO pode ser realizada sob anestesia tópica + sedação e por meio de uma microincisão de 2mm. Desta forma a recuperação física e visual é muito rápida e indolor, o paciente precisa instilar colírios pós-operatórios por 7-20 dias. As limitações pós-operatórias são pequenas, e os pacientes em geral são liberados para qualquer atividade física em 15 dias.
Veja Bem: Quais os riscos dessa cirurgia?
Dr. Armando Crema: A cirurgia é extremamente segura e confiável, e os riscos e complicações são pequenos. Entretanto devido à possibilidade, mesmo que remota, de complicações sérias que podem inclusive levar à cegueira, como as endoftalmites infecciosas, ela deve ser realizada em centros cirúrgicos, com internação de curta permanência e de forma não simultânea (um olho a cada dia).
Antes dos 60 anos uma pessoa pode ter catarata. As causas podem ser várias, diabetes, glaucoma, trauma na cabeça e outras.
Existe um tipo que afeta os recém-nascidos, a chamada catarata congênita. Estes casos têm maior incidência em crianças cujas mães contraíram doença na gravidez, como rubéola, toxoplasmose ou sífilis.
Nessas situações, o único tratamento é a cirurgia, devendo ser realizada o mais cedo possível, possibilitando à criança ter alguma visão.
• Congênita: presente no nascimento.
• Secundária: devido a fatores variados, que podem ser oculares – uveítes, tumores malignos intraoculares, glaucoma, descolamento de retina – ou sistêmicos, que podem estar associados a traumatismos, moléstias endócrinas (diabetes mellitus, hipoparatireoidismo), causas tóxicas (corticoides tópicos e sistêmicos, cobre e ferro mióticos), exposição a radiações actínicas (infravermelho, raios X), traumatismos elétricos, entre outras.
• Senil: opacidade do cristalino em consequência de alterações bioquímicas relacionadas à idade. Aproximadamente 85% das cataratas são classificadas como senis, com maior incidência na população acima de 50 anos. Nesses casos, não é considerada uma doença, mas um processo normal de envelhecimento.
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Fonte - Veja Bem 6 CBO 2015